Exposição Coletiva Qual o tema. I 06 Jun 2024 - 16 Ago 2024

Exposição coletiva | Qual o tema. | 06 Jun - 16 Ago 2024

Texto por Maneco Müller

MUL.TI.PLO ABRE MOSTRA COLETIVA NO RIO DE JANEIRO,

“QUAL O TEMA.”

com a participação dos artistas Amalia Giacomini, Ana Holck, Célia Euvaldo, Elizabeth Jobim, José Pedro Croft e o artista convidado Raul Mourão.

Exposição “Qual o tema.” abre dia 06 de junho, quinta-feira, e fica em cartaz até 09 de agosto, no Leblon.

 

Como o centro da frase é o silêncio e o centro deste silêncio é a nascente da frase, começo a pensar em tudo de vários modos (...) 

Herberto Helder

 

As obras escolhidas para a exposição reafirmam a importância intransferível da linguagem da arte diante de um “Mundo sem chão”, como escreveu o crítico Paulo Sergio Duarte.

Esta Coletiva marca a vinda das artistas Amalia Giacomini, Ana Holck e Elizabeth Jobim para integrar o time da galeria Mul.ti.plo. A exibição mostra também dois artistas da casa, Célia Euvaldo e José Pedro Croft, além do artista convidado Raul Mourão.

Amalia expõe três obras, sendo uma escultura de chão feita de madeira e carpete preto que desafia a geometria. As outras de parede constituem-se de maneira diferente, uma delas se vale de telas antichamas capazes de criar sobreposições e singulares espaços, a segunda é concebida a partir de uma trama de correntes, que é um só tempo produz um volume e um vazio, um desenho e uma abstração. A tensão e a poesia. Enfim, uma engenharia poética que pertence aos grandes escultores.

A escultora Ana Holck exibe dois trabalhos das séries Entroncados e Estirados. Realizados em cerâmica e fita de aço, desafiam a inércia com complexos movimentos urdidos pela artista. Foram recentemente mostrados, com grande sucesso de crítica, no Paço Imperial.

Célia Euvaldo preparou, exclusivamente para esta ocasião, duas telas que aprofundam a vigorosa relação de seus gestos pictóricos com o surgimento da cor como uma pincelada aguada que realça ainda mais, com leveza, a densidade das texturas e nuances.

Elizabeth Jobim apresenta três telas. Uma delas, de 2021, em grande formato e outras duas recentes. Na trajetória da artista há um rigor e uma pesquisa que prosperam sempre e mais longe. Esse percurso está sendo mostrado também na exposição “O tempo das pedras” no MON, em Curitiba.

José Pedro Croft participa com uma gravura de grande formato em três partes compostas pelo artista. Esse trabalho do renomado autor português fez parte de sua individual na Fundação Aspad Szenes-Vieira da Silva, nunca mostrado no Brasil.

Já o artista convidado Raul Mourão mostra uma série que, na verdade, é mais uma etapa das “setas de rua” que pretende nunca terminar. Iniciada no final dos anos 1980, com fotografias e, posteriormente, passando para pinturas, essa série atual, denominada “novas direções”, ressalta uma artesania sofisticada na utilização de procedimentos modulares.

O conjunto dessas obras tão diversas em suas concepções e poéticas, como sugere a frase de Herberto Elder na epígrafe acima, questiona severamente – e sem panfletos – a relação da arte com a indústria da cultura em curso.

 

Amalia Giacomini

Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP) e mestre pela UFRJ, Amalia Giacomini começa a expor em 2002, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Tão logo conclui a graduação em Arquitetura, a artista paulistana inicia sua pesquisa em artes visuais, tendo como foco questões como a representação do espaço. Muitas vezes, seu trabalho parte da arquitetura ou do espaço expositivo, como em obras da exposição individual Viés, no Paço Imperial (2016), em que a artista usa linhas, correntes ou telas antichamas para alterar a percepção espacial do espectador.  

Amalia já expôs seu trabalho em diversas instituições do país, como Instituto Tomie Othake (SP), Itaú Cultural (SP), Museu da Casa Brasileira (SP), Paço Imperial (RJ), Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia da USP, Galerias da FUNARTE (RJ e DF), Centro Cultural Sérgio Porto (RJ), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba) e MAC de Niterói (RJ).

Fora do Brasil apresentou em 2009 a exposição Liberér l’horizon reinventér l’espace, na galeria da Cité des Arts, em Paris. Em 2012 realizou a exposição individual The Invisible Apparent na Galeria Nacional de Praga. A artista vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

Ana Holck

Arquiteta de formação, Ana Holck busca um diálogo entre os espaços arquitetônicos e urbanos e a arte, em busca de novas relações e de uma geometria contemporânea. Utilizando materiais diversos – como vinil adesivo, policarbonato alveolar, tijolos, blocos de concreto, que têm suas funções originais subvertidas pela artista –, Ana cria, principalmente, esculturas e objetos. Desde 2001, vem realizando mostras individuais onde apresenta instalações de grande formato. 

Entre suas principais exposições estão “Bastidor”, no Centro Cultural Banco do Brasil; “Lugar Algum”, no SESC Pinheiros (2010); “Os Amigos da Gravura”, no Museu da Chácara do Céu, Rio de Janeiro; “Notas sobre Obras”, Mercedes Viegas Arte Contemporânea e Galeria Virgilio (2006); “Canteiro de Obras”, Paço das Artes (2006); “Elevados”, Paço Imperial (2005); e “Quarteirão”, Centro Universitário Mariantonia (2004).

Participou das coletivas “AGORA” simultâneo instantâneo, no Santander Cultural Porto Alegre (2011); “Trilhas do Desejo”, Rumos Itaú Cultural (2009); “Borderless Generation”, Korea Foundation, Seul (2009); e “Nova Arte Nova”, CCBB (2008).

Recebeu o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea (2011) e o Prêmio Funarte de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça (2009), entre outros. Possui trabalhos nas coleções Itaú Cultural; MAM São Paulo, MAM Rio de Janeiro (col. Gilberto Chateaubriand); MAC-Niterói e Pinacoteca de São Paulo. Em 2011 participa das coletivas Lost in lace, no Birmingham Museum of Art e Nova Escultura Brasileira na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.

 

Célia Euvaldo

Célia Euvaldo começou a expor em meados da década de 1980. Suas primeiras exposições individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, Rio de Janeiro, 1988), no Museu de Arte Contemporânea (São Paulo, 1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989, ganhou o 1º Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Desde então tem exposto regularmente em mostras individuais e coletivas em galerias e instituições. Participou, notadamente, da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001) e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou exposições individuaisno Paço Imperial (Rio de Janeiro, 1995, 1999 e 2015/16), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (São Paulo, 2003 e 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2013), entre outros. Em 2016, participou da mostra coletiva Cut, Folded, Pressed & Other Actions na David Zwirner Gallery, em Nova York. Em 2017 realizou exposições individuais no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e Ribeirão Preto, e, em 2023, na Galeria Mul.ti.plo no Rio de Janeiro e na Galeria Raquel Arnaud, em São Paulo.

Elizabeth Jobim

Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

A desenhista, pintora e gravadora Elizabeth Jobim realizou suas primeiras exposições na década de 1980, buscando uma compreensão atualizada da pintura e uma interpretação sensorial e subjetiva do mundo e dos objetos. Nos anos 1990, a artista retoma o gênero da natureza-morta ao tomar como ponto de partida a observação de pequenas pedras. Nos anos 2000, Elizabeth Jobim expande e intensifica os diálogos entre a pintura e o espaço que a circunda por meio da criação de grandes instalações pictóricas com partes moduladas, cuja simplicidade sofisticada apropria-se dos espaços vazios entre as partes para acentuar não somente as cores, mas a relação entre a obra, a arquitetura e o espectador. Seu trabalho, em contínuo processo de desprendimento da parede, ocupação do espaço e criação de vazios, adquire um caráter híbrido entre a pintura, a escultura e a instalação.

Elizabeth Jobim formou-se em Comunicação Visual e especializou-se em História da Arte e da Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio. Fez mestrado na School of Visual Arts (Nova York). Estudou desenho e pintura com Anna Bella Geiger, Aluísio Carvão e Eduardo Sued no MAM do Rio de Janeiro. Em 1994, lecionou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. 

Destacam-se as mostras individuais: “Endless Lines” (Nova York, 2008); “Em Azul” (São Paulo, 2010); “Blocos” (Rio de Janeiro, 2013); “Variações” (Rio de Janeiro, 2019), entre outras. Entre as suas exposições coletivas, destacam-se: “Como Vai Você Geração 80?” (Rio de Janeiro, 1984); “Panorama da Arte Atual Brasileira” (São Paulo, 1990); “MFA Fine Arts: Selections from the special projects” (Nova York, 1992); 5ª Bienal do Mercosul (2005); “Mulheres na Coleção MAR” (2018), entre outras. Seu trabalho faz parte de importantes coleções, como as do MAM do Rio de Janeiro, MAM de São Paulo, Museu de Arte do Rio, Pinacoteca de São Paulo e Bronx Museum of the Arts.

 

José Pedro Croft

Pintor e escultor, José Pedro Croft nasceu em 1957, no Porto, tendo efetuado os estudos na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, terminando o curso de pintura em 1981. Durante esse período trabalhou com o escultor João Cutileiro, fato que determinou o seu percurso artístico. A recuperação da escultura em pedra marcou a sua obra na década de 1980. O primeiro conjunto de esculturas realizadas pelo autor tinham como referência modelos arcaicos onde predominava o baixo-relevo e a modelação. Seguidamente, tendo como ponto de partida formas simples relacionadas com estruturas arquitetônicas, a obra de Croft desenvolve-se no sentido mais geométrico das formas realizadas com grandes blocos de pedra. Esse repertório de formas-tipo da arquitetura (colunas, casas, arcos) é tratado por meio de processos de sobreposição e fragmentação. No final dessa década, o mármore é gradualmente substituído por outros materiais passíveis de modelação, como o gesso, depois passado a bronze e frequentemente pintado de branco, ou o poliuretano.

Essa fase caracteriza-se por um especial interesse pelas questões do equilíbrio e pela relação que a peça escultórica estabelece com o espaço. Nos anos 1990, sua obra acentua as qualidades intrínsecas da escultura como o peso e a densidade, expressas nas dualidades estabilidade/instabilidade e imobilidade/leveza. Nas esculturas dessa fase, evocativas de memórias associadas a funcionalidades anteriores dos objetos que nelas integram (mesas, cadeiras e alguidares), é ainda explorada a relação do volume com o espaço e com a luz. 

Em meados da década, a incorporação de espelhos introduz uma nova dimensão pelo jogo de duplicação virtual da forma, à qual muitas vezes é associada à desconstrução formal do objeto. Em paralelo com a produção escultórica, tem realizado alguns trabalhos pictóricos, associados à gravura, nos quais está presente a mesma preocupação com a definição de formas primordiais.

Realizou diversas exposições individuais e coletivas, desde 1980. A sua obra encontra-se presente em diversas coleções públicas e privadas, tais como: Banco Central Europeu, Frankfurt; Caixa Geral de Depósitos, Lisboa; CAM-Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Centro Galego de Arte Contemporâneo, Santiago de Compostela; Fundação de Serralves, Porto; Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Lisboa; Fundación Caixa Galiza, La Coruña; Fundación La Caixa, Barcelona; MEIAC, Museo Extremenho y Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Badajoz; Ministério da Cultura, Portugal; Museo de Cantábria, Espanha; Museo de Zamora, Espanha; Museo Nacional, Centro de Arte Reina Sofia, Madrid; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Sammlung Albertina, Viena; e Colecção Berardo, Lisboa.

 

Raul Mourão

Expoente de uma geração que marcou o cenário carioca dos anos 1990, Raul Mourão é reconhecido por sua produção multimídia, composta por desenhos, gravuras, pinturas, fotografias, vídeos, esculturas, instalações e performances, na qual se destaca seu olhar sempre permeado pelo senso de humor crítico sobre o espaço urbano. Inspirado pela paisagem metropolitana (inicialmente a carioca), o artista cria a partir de observações do cotidiano, desenvolvendo propostas que transitam entre o documental e a ficção. Suas obras, constituídas por materiais diversos que ressignificam os elementos visuais da cidade, estimulam reflexões sobre o espaço e o corpo social.

Mourão iniciou sua produção artística na segunda metade da década de 1980, participando de exposições a partir de 1991. Realizou, em 1989, os primeiros registros fotográficos sobre grades de proteção, segurança e isolamento presentes nas ruas do Rio de Janeiro, o que resultou em sua conhecida série Grades. A partir dos anos 2000, essa pesquisa foi desdobrada e resultou em esculturas, vídeos e instalações. Desde 2010, Mourão expandiu as referências utilizadas para outras estruturas modulares de formas geométricas próprias do contexto urbano, realizando esculturas e instalações cinéticas de caráter interativo, que podem ser acionadas pelo público. Entre outros aspectos, o artista estabelece, por meio dessas obras, uma associação entre a problemática da violência urbana implícita nas obras anteriores e a preocupação formalista com o equilíbrio estrutural.

Raul Mourão vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Entre suas principais exposições individuais e projetos solo recentes, destacam-se: Cage Head, no Americas Society, em Nova York (2023); Lugar Geométrico, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro (2023); Empty Head, na Nara Roesler (2021), em Nova York; Fora/Dentro, no Museu da República (2018), no Rio de Janeiro; Você está aqui, no Museu Brasileiro de Ecologia e Escultura (MuBE) (2016), em São Paulo; Please Touch, no Bronx Museum (2015), em Nova York; Tração animal, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) (2012), Rio de Janeiro; Toque devagar, na Praça Tiradentes (2012), no Rio de Janeiro. Entre as coletivas recentes, encontramos: Utopias e distopias, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) (2022), em Salvador; Coleções no MuBE: Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz – Construções e geometrias, no Museu de Ecologia e Escultura (MuBE) (2019), em São Paulo; Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, na Oca (2017), em São Paulo; Mana Seven, no Mana Contemporary (2016), em Miami; Brasil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, no Museum Beelden Aan Zee (2016), em Haia, Países Baixos; Bienal de Vancouver 2014-2016, Canadá (2014). Seus trabalhos figuram em coleções de importantes instituições, tais como: ASU Art Museum, Tempe, Estados Unidos; Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), Niterói; Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro.

 

 

 

SERVIÇO

Exposição de arte contemporânea
Título: Qual o Tema.
Local: Mul.ti.plo Espaço Arte
Abertura: 6 de junho, das 18h às 21h
Período expositivo: até 16 de agosto de 2024
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 18h30 (sábados, sob agendamento)

Endereço: Rua Dias Ferreira, 417/206 - Leblon – Rio de Janeiro

Telefones: + 55 21 2294 8284 | +55 21 20420523 (WhatsApp)

Entrada franca
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