Pedro Cabrita Reis | Alguns nomes | 6 de set - 25 de out 2014
Um dos mais importantes artistas da atualidade está chegando ao Brasil. O português Pedro Cabrita Reis inaugura, dia 6 de setembro, na Mul.ti.plo Espaço Arte, sua primeira individual no Rio: Alguns nomes. São 27 objetos que formam uma grande obra de arte: madeira, luz e fios em esculturas luminosas que falam da arte brasileira. As peças serão instaladas e vão iluminar as paredes da Sala 1 da galeria, enquanto na Sala 2 estarão desenhos de técnica mista (intervenções de desenho em fotografias).
O trabalho, elaborado especialmente para esta mostra, é uma ode afetiva à arte brasileira, ao Brasil, bem como a artistas “em que a poesia fala alto e me comove”, diz o artista, que nasceu, vive e trabalha em Lisboa entre um compromisso e outro. Os objetos chegam à galeria no fim de agosto. Mas o trabalho só será 100 % finalizado in loco, com a chegada de Cabrita Reis ao Brasil, no início de setembro.
Foram três anos de persistência, viagens e boas conversas em Lisboa até que tudo ficasse acertado para sua mostra na Mul.ti.plo. “Pedro gosta de uma boa mesa. Pois foi à beira do Tejo que conversamos sobre música, literatura, política e muito sobre arte. Creio que foi a partir dessa afinidade que ele aceitou o convite para atravessar o Atlântico”, conta o consultor da galeria, Maneco Muller, que junto com Luiz Carlos Nabuco e Stella Silva Ramos – sócios de Maria Cristina Magalhães Pinto na Mul.ti.plo –, fez duas viagens a Lisboa entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 para construir os detalhes da vinda do artista ao Brasil.
“Quando visitei seu ateliê em Lisboa, fiquei completamente impressionado com a diversidade da obra”, conta Nabuco. “Não só os procedimentos, que vão da escultura ao vídeo, passando por instalação, pintura e desenhos, como também pela escala – capaz de produzir desde um delicado desenho até uma intervenção monumental em uma barragem”, completa, se referindo à barragem de Bemposta, em Mogadouro (Portugal), com 85 metros de comprimento, 22 metros de largura e 45 metros de altura, que Cabrita Reis pintou de amarelo vivo. “Antes de conhecê-lo vi sua mostra na Bienal de Veneza e as quatro obras adquiridas pela Tate. Mas conversar com ele foi uma bela surpresa. É uma persona forte. Uma pessoa muito especial e interessante, um grande artista”, finaliza Stella Silva Ramos.
Aos 58 anos (a serem completados na véspera da exposição), Pedro Cabrita Reis se firmou no cenário mundial com uma obra multifacetada, que compreende pintura, desenho, escultura em grande escala e uma relação muito íntima com a arquitetura – como referência de sua arte, evoca a construção e a ocupação do espaço. Ele mesmo costuma dizer que a arquitetura “é uma atividade mais ligada à definição de territórios do que à construção de casas”. Com os mais diversos materiais – madeira, ferro, vidro, argamassa, lâmpadas fluorescentes, chumbo... –, sua obra modifica o olhar do espectador pelas transformações e deslocamentos que provocam, através de luz, sombra, superfícies e planos.
Este ano o artista foi escolhido pela cidade de Turim para o projeto Luci D'Artista, sucedendo nomes como Alfredo Jaar, Pistoletto, Daniel Buren, Mario Merz, Jan Vercruysse e Paolini. Participou da Documenta de Kassel, em 1992, e representou Portugal na Bienal de Veneza, em 2003. Em 2013, também em Veneza, ocupou os 700 m² de todas as salas do andar nobre do Palazzo Falier com uma monumental intervenção, A remote whisper, festejada por toda crítica internacional. Esteve no Brasil para a 21ª e a 24ª Bienais de São Paulo (esta última, em 1998, ficou conhecida como a “Bienal da antropofagia” e foi considerada uma das melhores já realizadas) e em outras três ocasiões, mas sempre em São Paulo.