O Real Resiste| 2020

O REAL RESISTE

 Num movimento que nunca se viu.

O Rio de Janeiro tem boas novas.

Paredes falam, falarão muito e darão o que falar — dessa vez, numa ode à vida.

A partir de 30 de agosto de 2020, no Rio de Janeiro.

Mais de cem cartazes vão pousar na pele, nas paredes da cidade.

O gesto de afeto é uma ação capaz de despejar ideias, desejos, enigmas, gritos — seja lá o que for — em fotografias, poesias, desenhos, grafias e pinturas.

As imagens lembram os “lambe-lambes” de antigamente, aqueles fotógrafos que, com suas cabeças mergulhadas em panos pretos, se punham em praça pública a registrar instantâneos do dia a dia.

Serão instantâneos repletos de alívios nesse momento em que o “de dentro de casa” quer encontrar o “de fora da rua”.

O REAL RESISTE vem revigorado em grandes cartazes de 2 metros por 3 metros cada — que agora — tornaram-se imagens impressas com o mesmo nome de “lambe-lambe”, para escancarar a vida e a força da arte nos muros da cidade. O Rio será tomado pela circulação poética desses trabalhos, pelas obras de artistas das favelas, das zonas sul, norte, oeste, portuária, e do centro.

De todos os cantos.

Obras repentinas convocando o múltiplo olhar de cada carioca.

Todos juntos e misturados.

Num movimento único.

A arte se reafirmando como pulsão de vida. Novos lugares, pessoas atentas.

Um gesto que nasce da qualidade de se estender a mão firme e segura da arte em contraponto a um processo de demolição da cultura, de amplificação dos negacionismos, do poder punitivo e sua escalada sem fim, da mediocridade, do preconceito inaceitável, do desrespeito a República, da banalização de tantas e

tantas mortes que poderiam e deveriam ser evitadas.

O REAL RESISTE.

 

 

ARTISTAS

(lista dos artistas em ordem alfabética)

Ana Calzavara, Cabelo, Carlito Carvalhosa, Carlos Vergara | Bernardo Vilhena, (Casa Voa) - Antonio Bokel, Carolina Kasting, Clarice Rosadas, Maria Flexa, Marcelo Macedo e Mateu Velasco, Chelpa Ferro (Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler), Criola, Elvis Almeida, João Sánchez, Marcos Chaves, Pedro Sánchez e Raul Mourão. Entre os poetas, Catarina Lins, Gabriela Marcondes e Marina Wisnik. Entre os fotógrafos, Anderson Valentim (Favelagrafia, Morro do Borel), Elana Paulino (Favelagrafia, Morro Santa Marta), Josiane Santana (Favelagrafia, Complexo do Alemão), Joyce Piñeiro (Favelagrafia, Morro da Providência), Omar Britto (Favelagrafia, Morro da Babilônia), Rafael Gomes (Favelagrafia, Rocinha), Saulo Nicolai (Favelagrafia, Morro do Fogueteiro) e Walter Carvalho e entre os músicos Arnaldo Antunes e Leo Gandelman. 

 

LAMBE-LAMBE

O lambe-lambe é um pôster artístico de tamanho variado, colado em espaços públicos. Pode ser pintado individualmente com tinta látex, spray ou guache. Quando feito em série, sua reprodução acontece por meio de fotocopiadoras ou silkscreen. Por tratar-se de uma forma barata de expressão e divulgação, geralmente é fixado com cola de polvilho ou de farinha. A arte de colar cartazes na rua nasceu no final do século 19, com o advento da indústria de impressão em massa (imprensa), o que possibilitou a criação de uma nova mídia: o pôster/cartaz.

A nova mídia possibilitou a disseminação da informação pela cidade com a colagem dos cartazes, cujo conteúdo variava de propagandas, eventos e até política. Com seus espetáculos itinerantes, os circos sempre fizeram grande uso deste tipo de mídia, que permite uma divulgação rápida e barata. O pôster lambe-lambe faz parte das novas linguagens da arte urbana contemporânea.

 

 

 

SERVIÇO

Ocupação Urbana

Local: ruas, becos, avenidas e vielas do Rio de Janeiro.