Cristina Salgado | Exteriores Internos | 24 abr - 26 mai 2018
Exteriores internos
Estruturas sintéticas que sugerem o corpo humano são a razão poética da nova exposição de Cristina Salgado, na Mul.ti.plo, de 24 de abril a 26 de maio
O corpo humano apenas sugerido, se tanto, por estruturas muito sintéticas. "Exteriores internos", nova exposição da Mul.ti.plo Espaço Arte, reúne trabalhos inéditos e recentes da artista plástica Cristina Salgado: desenhos em pastel seco e esculturas em tapete, borracha, parafusos e acrílico. A abertura será no dia 24 de abril, às 19h, e a mostra fica em cartaz até 26 de maio.
A série "Corpos furados" e as obras "Um" e "Dois" trazem alguns elementos de trabalhos anteriores, como a série "Mulheres em dobras" (2006) e "Grande nua na poltrona vermelha" (2009): as sobreposições de camadas de tapete, o uso dos parafusos produzindo pregas e as cores que remetem ao orgânico. Um procedimento novo, nesse caso, seria a compactação das camadas em "Corpos furados", no interior de cubos de acrílico. "Rostos que conheço", estabelece uma conexão com "Rostos", da série "Mulheres em dobras" (2006), mas talvez deles se distancie por um caráter mais sombrio.
Os desenhos se dividem em dois grupos: a série "Exteriores internos", com desenhos em pastel seco, aplicado de modo bastante denso, com sobreposições de camadas de cores sobre o fundo negro; e a série "Dois lugares", com desenhos meio híbridos, que trazem consigo, além do pastel seco, elementos palpáveis, presentes nas esculturas.
"A exposição revela um novo momento na trajetória da artista em que suas obras estão cada vez mais densas e enigmáticas, com um vocabulário próprio, capaz de convocar o nosso olhar”, diz o diretor da Mul.ti.plo, Maneco Muller.
Segundo Cristina, há, na realização desses trabalhos, a intenção de lidar com relações muito primárias entre os materiais, as cores e as formas:
"O desejo é de que o modo de o corpo se expor como imagem se dê menos relacionado a códigos de representação e mais a uma dimensão não verbal − talvez pré-verbal −, mas inquestionável na sua existência".