Manfredo de Souzanetto - Organométricos | 27 de jan -7 de mar | 2015
A arte sem limites – de técnica, formato, textura, cores – de Manfredo de Souzanetto ganha, a partir de 27 de janeiro, às 19h, na Mul.ti.plo Espaço Arte, a exposição Organométricos, com 20 obras inéditas – da década de 1970 até recentíssimas, realizadas até o fim do ano passado. Colorista? Geométrico? Pintor, escultor, gravador? Tudo isso – e o que mais o futuro reservar para sua arte. A mostra reúne cinco litografias feitas durante o período em que o artista morou em Paris, nos anos 70, e nunca expostas; 14 telas (pigmentos sobre linho) de pequenos formatos, realizadas entre 2011 e 2014 – também inéditas – e um múltiplo feito especialmente para a exposição, uma escultura reunindo duas pedras, uma de bronze e outra de porcelana.
Mineiro da cidade de Jacinto, Souzanetto sempre trabalhou com pigmentos. Especialmente os naturais, tirados da terra e dos minerais das Gerais, além de óxidos de ferro, resina, juta e madeira. Entretanto, nas telas desta exposição, os pigmentos artificiais se misturam aos naturais, criando, ao mesmo tempo, continuidade e surpresa. “Introduzi cores industriais para criar outra dinâmica na obra. As cores ficam mais francas, mais abertas, há uma paleta mais variada, com contrastes que não aconteciam em outros trabalhos”, explica o artista.
Isso faz parte da busca de um artista que não se aprisiona. Nem mesmo nos limites da tela: Souzanetto sempre ultrapassou os quadrados e retângulos das molduras, criando tridimensionalidades. Na mostra da Mul.ti.plo, as telas, embora com formato tradicional, conversam entre si, se expandindo uma para outra. “Cada tela é única, mas é como se na verdade fossem ‘fragmentos de telas’, que se articulam com outros. Muitas formam um conjunto de três ou até mesmo quatro destes fragmentos”, diz.
A assinatura da obra de Manfredo de Souzanetto é justamente essa mistura de tradição e reinvenção. Por isso não se define como “colorista ou geométrico”. “Eu me circunscrevo em um eterno vai-vém, não em fases demarcadas. Sempre estabeleço um diálogo com as obras anteriores, que permite uma coerência na leitura da obra, mas buscando algo novo. Não uma ruptura, mas uma continuidade”, explica o artista, que também se vale desta liberdade para não se considerar um “colorista” ou um “geométrico”. “Meu trabalho tem cor, então sou, claro, colorista; a geometria é a base do meu trabalho, portanto, sou geométrico. Mas há a organicidade, não apenas por conta do pigmento mas do desenho, que é orgânico e que sempre faz um contraponto com a geometria. Tanto que fiz, há três anos, uma exposição em Paris que define bem isso: chamava-se Organométricos.”
Sobre o trabalho de Manfredo de Souzanetto, diz o crítico de arte francês Philippe Cyroulnik: “O que faz o interesse de suas obras é esta mistura de tradição e invenção que elas trazem em si, a arte de deixar o terreno conhecido pelo da mistura de gêneros. Elas têm o dom de tornar o improvável concebível e de serem ao mesmo tempo simples e complexas, evidentes e enigmáticas.” Este tom instigante, bem longe da monotonia, estão nas obras inéditas na exposição da Mul.ti.plo.