Renata Tassinari | 22 de jul - 30 de ago 2014
A obra de Renata Tassinari remete, imediatamente, à cor: vermelhos, amarelos, laranjas, verdes são quase como sua matéria-prima. “Penso na cor como um assunto autônomo, como se tivesse vida própria”, diz a artista. Esta característica está presente desde o início dos anos 2005, em seus trabalhos de pintura sobre acrílico e madeira. Pois um lado menos conhecido da obra de Renata Tassinari, talvez nunca visto por alguns, visto há muito tempo por outros, chegará agora a muitos.
A individual que a Mul.ti.plo Espaço Arte inaugura no dia 22 de julho traz desenhos década de 1990 e de 2002 da obra da artista: são 33 desenhos – desenhos, colagens sobre papel, garimpados no ateliê de Renata, em São Paulo, e trazidos para o Leblon. “Quando vimos essas obras percebemos que não poderiam deixar de ser revisitadas, revistas, mostradas para quem ainda não as conhece”, conta Maria Cristina Magalhães Pinto, sócia de Stella Silva Ramos e Luiz Carlos Nabuco na galeria.
Esta é uma marca da Mul.ti.plo: descobrir (ou redescobrir) trabalhos de grandes artistas que sejam inéditos, pouco conhecidos ou expostos há muito tempo. Sempre com o olhar do novo, do poético, do que determinado momento significa na carreira desta artista. Na mostra de Renata, se percebe o início dessa pesquisa que tornou seu trabalho mais conhecido na metade da década passada, mas também um contraste interessante ao que veio depois. Se no trabalho atual os geométricos com elementos construtivistas delimitam um espaço quase arquitetônico, nos desenhos este espaço é fluido, e as cores – tão essenciais – têm pulsações e ritmos diferentes em um mesmo trabalho.
"Como penso muito na cor, os desenhos já possuem suas relações, muitas vezes contrastantes. Além disso, há a utilização de vários materiais, as colagens com papel e o uso do bastão a óleo. A relação das cores se dá de maneira diferente, dependendo do meio utilizado. No papel é bem diverso, na medida em que o branco do papel também é uma cor”, completa Renata Tassinari, que fará um múltiplo especialmente para a mostra, que terá relação com os trabalhos que vêm desenvolvendo em acrílico. Serão nove múltiplos com série de três cores cada um.
"O trabalho de Renata com a cor nestes desenhos traz um momento de liberdade, de experimentação. São formas mais livres, pinceladas fortes, linhas vigorosas que surgem e desaparecem. Mostram uma potência poética que sobrevive mais de 10 anos depois de serem feitos e ainda pulsando, densa, potente”, diz Maneco, que destaca ainda três trabalhos sem cor, expostos para demonstrar a força e a presença do desenho no trabalho de Renata.
Aluna de José Resende, Carlos Fajardo, Dudi Maia Rosa, Frederico Nasser e Luiz Paulo Baravelli e também de Sued, a pintora passa, no fim da década de 1980, a estruturar suas peças por áreas geométricas, com ênfase no contraste entre cores. No início dos anos 90 explora os contrastantes tons de uma mesma cor e o cinza. A partir de 2001, essas questões (delimitação geométrica, contrastes e materialidade) atingem a maturidade e, em 2005, resultam nas pinturas sobre superfície de acrílico transparente – que pode integrar uma placa de madeira, que ressaltam ainda mais os contrastes e texturas.